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Fantasiando com romance de época de novo — Resenha: Perdida

  • Foto do escritor: Giovanna Reis
    Giovanna Reis
  • 2 de out. de 2023
  • 5 min de leitura

Atualizado: 26 de jun. de 2024

Eu estou na minha era delulu girl. Sim, eu poderia me render aos meus pensamentos depressivos, mas decidi mudar o mindset. Parece papo de coach, eu sei. O termo"Delulu" vem de “delusional”, que, em português, significa "delirante", segundo definição no Urban Dictionary. A gíria já era popular nos fandoms de k-pop e virou tentência no TikTok, onde várias garotas espalham a palavra da 'lei da atração'. Como uma boa usuária viciada nas trends dessa rede social, decidi misturar ambas e delirar acreditando que com o poder do pensamento a minha depressão e ansiedade deixarão de existir, porque agora eu sou uma garota sortuda e não preciso mais correr atrás, apenas atrair.



Ser uma lucky girl se tornou o sonho da Geração Z e o estilo de vida entrou em alta aqui no Brasil com influencers como a Manu Cit, que eu pessoalmente adoro, e que parecem ter a vida dos sonhos por conta de seu caderno da gratidão.


Nós sabemos que vidas perfeitas não existem, mas é difícil acreditar nisso quando nos vemos mergulhadas em realidades fictícias montadas para as redes sociais. Baseadas no pensamento de lei da atração, as 'lucky girls' incentivam uma geração a acreditar que tudo que você sonha pode acontecer se você desejar muito ou se escrever em seu caderno de metas, para que assim você possa mentalizar o ato. A gente precisa entender que essas garotas, em sua maioria, brancas de classe alta sem problemas psicológicos (rs), podem estar conquistando seus sonhos por outros motivos. Não quero me estender sobre a questão do privilégio em poder atrelar seu sucesso divina e magicamente aos seus desejos. Deixo recomendado aqui o vídeo da Nátaly Neri sobre a 'síndrome da garota sortuda'.


Dado o cenário sobre a mentalidade que envolve o uso de afirmações, otimismo e pensamento positivo, é importante alertar sobre seus efeitos em uma comunidade doente que tem problemas com suas realidades. O Maladaptive Daydreaming e a despersonalização são exemplos de quando ser delulu ultrapassa os limites e se torna um problema. Ambos os transtornos são comuns em pacientes com depressão, ansiedade e bipolaridade.


Desde que fomos notadas na categoria 'Barbie depressiva', nós, mulheres que somos viciadas em Orgulho e Preconceito (independentemente da mídia), acabamos nos reconhecendo mais facilmente em nossas redes sociais. Eu, por exemplo, assisti a inúmeros TikToks de meninas que se identificaram com esse trecho do filme, inclusive várias amigas.

O romance é aliado da mulher em solidão há séculos. Há tempos, mulheres se perdem em devaneios sobre aventuras amorosas com quem, geralmente, não sabe demonstrar sentimentos, como o Mr. Darcy. Porém, a forma de consumo dessas histórias se transformou com o tempo. Não precisamos deixar de lado nossas clássicas edições de capa dura de Orgulho e Preconceito, mas dar uma chance para um novo olhar sobre esse amor me parece igualmente interessante.


Seja a versão de 2005 de Orgulho e Preconceito ou a adaptação para série de Bridgerton (2020), é inegável que o romance de época é um gênero literário capaz de cativar uma ampla faixa etária, encantando desde jovens até as mais experientes. É sobre essa transformação em busca de conquistar o novo público o impasse inicial da protagonista Sofia, em Perdida (2023), vivida pela esplendorosa Giovanna Grigio. Sofia mesmo sendo autônoma, confiante, moderna e contemporânea, ela se sente deslocada em sua época. Ela trabalha em uma editora e tem sua ideia contrariada quando sugere a publicação do clássico de Jane Austen por não ser mais moderno. O filme foi inspirado no livro homônimo de Carina Rissi e entrou para a minha lista de desejos.



Não tem como não se encontrar na protagonista que é brilhantemente construída pela Giovanna. Sou apaixonada por ela desde sua edição em malhação e sempre adorei a forma como ela da vida às suas personagens. Giovanna é, sem dúvida, um dos grandes talentos de sua geração e uma inspiração para muitas mulheres que buscam autenticidade. Sua presença cativante na tela e tenho certeza de que sua habilidade tem conquistado corações e influenciado positivamente aqueles que a assistem. Ela se destaca como um exemplo de como ser fiel a si mesma e deixar sua marca.


Como uma boa 'Barbie depressiva', sou uma grande fã de romances de época. A produção de 2023 segue padrões que podem ser notados em outros filmes do gênero, porém vai além, trazendo diversas referências a Orgulho e Preconceito.



Foto: Perdida (Distribuição/Star Distribution)


Alerta spoiler: falando em referências, em um momento do filme, é recitado um trecho do poema de Percy Bysshe Shelley.


"E a luz do sol que envolve a terra, E o raio de luar que beija o mar, De que vale tudo ser tão belo, Se você não pode me beijar?"

Foto: Perdida (Distribuição/Star Distribution)


Em meio as maravilhas provincianas do filme, temos Ian Clarke, vivido por Bruno Montaleone. Ele já é perfeito em seus trajes do século XXI, mas nos do século XIX é impossível não desejar estar no lugar de Sofia para viver ao lado dele. Com cenários magníficos e figurinos bem construídos, tudo no filme parece ter sido escolhido a dedo. O pano de fundo escolhido para o primeiro filme da Disney cem por cento gravado no Brasil foi o Tedesco Eco Park , localizado em São Francisco de Paula, na serra gaúcha.

Foto: Perdida (Distribuição/Star Distribution)


O filme foi dirigido por Katherine Chediak Putnam em colaboração com seu marido, o australiano Dean Law. O casal também contribuiu para o roteiro, junto com Karol Bueno e Luiza Shelling Tubaldini.




De fato, o filme é adorável e já entrou para a minha lista de comfort movies. Me identifiquei com a personagem quando ela percebe a disforia entre a realidade e essa nova dimensão de conto de fadas em que se perde. Eu passo noventa por cento do meu tempo devaneando e sonhando acordada com personagens em um lindo conto de amor comigo, mesmo sabendo que isso seria impossível. Não dá para mensurar o quanto esse filme vai me inspirar na criação das minhas fanfics antes de dormir.


Eu sou o tipo de pessoa que se entrega à obra e vive junto com os personagens. Isso significa que eu chorei no final, rs. É impecável como a direção faz closes de olhares, toques e andados que fazem total diferença para a emoção do enredo. A única coisa que me tirou dos meus devaneios durante o filme foi a versão da música escolhida para ser tema do casal. A música foi 'Can't Help Falling in Love', cantada pelo grupo Pentatonix, que infelizmente carrega um clima pesado para as cenas e quebrou a minha expectativa. A versão instrumental, tocada mais tarde no filme, encaixa muito melhor.


P.S.: Eu amei o cavalo se chamar Stormi.



O filme está disponível no Disney+ e com certeza, assistirei Perdida novamente. E você?

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gigi reis

Estudante de jornalismo e

criadora de Conteúdo sobre

o universo de Fashion e Beauty.

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